Decidi terminar o ano de 2010 lendo um autor que gosto muito e que conheci em 2005 ao ler o fabuloso "A festa do bode". Essa obra se tornou uma das minhas favoritas. Em 2009, li "Pantaleão e as visitadoras", do mesmo autor, mas confesso que não me prendeu tanto quanto o primeiro.
Nesse fim de ano, motivada pelo Nobel de Literatura concedido neste ano a Llosa, tornei a lê-lo e escolhi esse "Travessuras da menina má" pelo preço (confesso).
Me surpreendi com uma narrativa bastante diferente do da "Festa do Bode", mas que também me prendeu e marcou. Para mim, ficou a impressão de que Llosa realmente é um escritor capaz de realizar histórias com tônicas muito diferentes, mas com uma qualidade fora do normal.
O livro conta a história de uma paixão de um peruano chamado Ricardo Somocurcio que dura uma vida inteira por uma mulher que tem infinitas identidades. Seus encontros ocorrem nos momentos mais inesperados e em várias fases da vida de ambos. A narrativa é, justamente, a vida de Ricardo sendo contada a partir dos encontros que tem com a "menina má".
A vida de "Otilita" (verdadeira identidade da menina má) acaba por também ser contada, apesar de não sabermos se o que a personagem fala é verdade ou mentira.
Existem inúmeros outros personagens secundários que aparecem e, sempre, servem para marcar um contexto referente ao local em que Ricardo está. Em Paris, ele encontra um peruano (Paúl) que vive o sonho do Peru à la Cuba, no momento após a revolução. Em Londres, ele encontra um amigo hippie que sofre com a AIDS, dentre outros.
Durante a narrativa, a sensação que tinha era a da curiosidade: "o que acontece com a menina má?", "será que eles vão ficar juntos, mesmo depois de tudo isso?", "será que o Ricardo nunca enjoa desta mulher?".
Em resumo, uma narrativa instigante, aguçada e de uma qualidade primorosa. Muito bem escrito. Parece que Llosa sabe muito bem qual sensação quer passar para o leitor a cada parágrafo. Não é detalhista demais, nem negligente nas caracterizações dos personagens e cenários.
Pra mim, valeu muito a pena ter lido, principalmente, pois trata de lugares e tempos não-familiares. Dessa forma, foi uma leitura agradável e bastante informativa. Recomendo muito! E pretendo futuramente "visitar" novamente esse autor laureado com o Nobel 2010, prêmio mais que merecido.
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Jorge Mario Vargas Llosa (Arequipa, 28 de março de 1936) é um escritor, jornalista, ensaista e político peruano, laureado com o Nobel de Literatura de 2010. (...)
Sua obra critica a hierarquia de castas sociais e raciais, vigente ainda hoje, segundo o escritor, no Peru e na América Latina. Seu principal tema é a luta pela liberdade individual na realidade opressiva do Peru. A princípio, assim como vários outros intelectuais de sua geração, Vargas Llosa sofreu a influência do existencialismo de Jean Paul Sartre.Muitos dos seus escritos são autobiográficos, como "A cidade e os cachorros" (1963), "A Casa Verde" (1966) e "Tia Júlia e o Escrevinhador"(1977). Por A cidade e os cachorros recebeu o Prêmio Biblioteca Breve da Editora Seix Barral e o Prêmio da Crítica de 1963. (...) Em 1981 publica A Guerra do Fim do Mundo, sobre a Guerra de Canudos, que dedica ao escritor brasileiro Euclides da Cunha, autor de Os Sertões.
Em 7 de outubro de 2010 foi agraciado com o Prêmio Nobel da Literatura pela Academia Sueca de Ciências "por sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual".O presidente do Peru, Alan García, considerou o prêmio a Llosa como "um reconhecimento a um peruano universal". (...)
Fonte da biografia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mario_Vargas_Llosa
Postado por Ingrid
